Entrevista com Luli Radfahrer – Oficina da Net

Luli Radfahrer é bastante conhecido na área de comunicação digital, é Ph.D. em Comunicação Digital pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) pela USP, ao qual trabalha como professor há dezoito anos.
Luli Radfahrer é bastante conhecido na área de comunicação digital, é Ph.D. em Comunicação Digital pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) pela USP, ao qual trabalha como professor há dezoito anos. Desde 1994 usa a internet como trabalho, nesta época ele fundou a Hipermídia, uma das primeiras agências de comunicação digital do país, atualmente pertencente ao grupo Ogilvy. No ano de 1996 Radafahrer saiu da Hipermídia e criou seu próprio estúdio, onde atendeu AlmapBBDO, MTV, FIAT, Leo Burnett, VISA, Volkswagen e Camargo Corrêa.
Sempre buscando satisfação pessoal e também novos desafios na área, em 1999 Luli Radfahrer mudou-se para a StarMedia de Nova York e assumiu a Vice-Presidência de Conteúdo. Quando retornou, criou a dpz.com, divisão digital da agência de propaganda DPZ. Em 2002 voltou a trabalhar longe do Brasil, esteve em Londres, ao qual trabalhou com projetos de TV Interativa e comunicação wireless. Tornou-se consultor, com clientes, nada mais que a AOL Brasil (redesenho e reestruturação do conteúdo) e o McDonald’s (projeto de conteúdo para o McInternet).

Conforme seus amigos comentam, Radfahrer desenvolve “projetos meio malucos” para empresas no Brasil, Canadá, Estados Unidos e Oriente Médio. Radfahrer é colunista da revista Webdesign. Ele ainda publicou os livros “Design/web/design” e “Design/web/design:2”. Ambas as obras são consideradas referência para a área de comunicação digital. “A Arte da Guerra Para Quem Mexeu No Queijo Do Pai Rico” é outra obra assinada por Radfahrer, porém, esta é uma análise crítica e bem-humorada do ambiente corporativo. Atualmente Radfahrer mantém um blog www.luli.com.br, ao qual discute e analisa as grandes tendências da tecnologia.
 
1.O Brasil está preparado para enfrentar o competitivo mercado de Comunicação Digital?
Luli: O Brasil é muito grande. A inovação está muito mal-distribuída. Acredito que ela nunca será homogênea, mas o problema é que o descompasso entre as empresas de mídia e seus públicos consumidores vem crescendo. Até mesmo em cidades minúsculas, sem um jornal ou outro tipo de “voz oficial”, as mídias sociais como Orkut e YouTube são populares. Como o mercado ainda está em evolução, não é possível estar preparado. Mas é possível se antecipar a possíveis crises, buscando entender qual é a melhor forma de transmitir sua mensagem para esse novo tipo de atitude de seu público.
2.Os centros de estudos voltados às áreas de Comunicação Digital no Brasil estão preparados para condicionar os seus alunos às melhores oportunidades?
Luli: Não estão, nem nunca estiveram. Mas não vejo nisso um problema, pois essa não é a sua função. Eles devem ensinar seus alunos a pensar, a questionar o mundo e a testar as novas tecnologias, não pdoem entregá-las prontas para aplicação, como se fossem ferramentas estáticas. Acredito que o ensino superior tenda a ser cada vez mais importante, não pelas técnicas que ensina, mas por estimular o debate e o questionamento freqüentes.
3.Qual o futuro da mídia escrita perante a comunicação digital?
Luli: Parte dela é escrita e não vai mudar. Parte já mudou faz algum tempo para vídeos – só não tínhamos feito isso antes porque as câmaras eram caras demais e a banda não era larga o suficiente. Parte do material continuará a ser escrito. Na verdade as mídias se acomodarão por suas capacidades, não mais por suas limitações.
4.De que forma os usuários podem gerenciar toda a gama de comunicação digital a que estamos expostos diariamente na internet?
Luli: Não podem. Não se continuarem a ver os conteúdos digitais da mesma forma com que vêem os impressos. Hoje é mais importante entender o cenário e as interações do que tentar prestar atenção em cada detalhe da paisagem. Acredito que a melhor forma de se entender o futuro e o ambiente em transformação é analisar cada coisa nova que surge constantemente e pensar em que formas essa novidade pode se integrar ao mundo conhecido. Não édifícil nem demanda investimento.
5.Inicialmente o rádio e as revistas eram o centro das informações, com o passar do tempo a TV tomou um grande espaço em relação a comunicação. Qual a possibilidade da comunicação digital extinguir com a mídia televisiva?
Luli: A Internet corre o risco de se tornar outra TV, que começou com grande potencial e acabou como está. Boa parte do YouTube poderia ser educativa, mas é lixo pior do que a TV aberta. A maioria das pessoas concentra sua experiência da rede em 10 sites ou menos. Tire os produtos do Google, Facebook, Twitter, Wikipédia e portais da sua Internet e você verá que como a Internet está concentrada nas mãos de poucos.
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Escreveu no Oficina da Net entre 2011 – 2019. Graduada em Letras pela UFSM e especialista em Tecnologias da Informação e da Comunicação aplicadas à educação
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