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São dez horas da noite. Você está com sono e se propôs ir dormir mais cedo. Você coloca seu pijama, escova os dentes, deita-se e olha o celular uma última vez antes de apagar a luz… Horas depois, é madrugada e você continua olhando para o telefone. O que aconteceu?
Permanecer "ligado" a um dispositivo tecnológico é uma experiência muito comum – e existe um campo de pesquisa dedicado a tornar as pessoas inconscientemente conectadas a smartphones, tablets e computadores.
É conhecido como design de vício. Foi inventado por especialistas em Experiência do Usuário (também chamado de UX) e usa truques neuropsicológicos para manter a atenção de nossas mentes.
Talvez você já tenha ouvido falar sobre como receber uma curtida em algo que você postou em uma rede social te dá uma sensação de prazer e confiança, e sabe-se que esta injeção de dopamina nos faz usar cada vez mais esses sites.
Mas há recursos muito mais sutis e menos óbvios em todos esses aplicativos que têm um grande impacto em nossa relação com a tecnologia.
Conheça quatro truques de design viciantes que fazem você não querer largar o seu aparelho.
Passar horas lendo comentários ou olhando fotos publicadas em redes sociais não seria possível sem a invenção da rolagem infinita.
Basicamente, é a possibilidade de você continuar vendo novas informações sem limite à medida em que desliza seu dedo ou o mouse pelo seu feed de notícias.
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Desta forma, o seu cérebro nunca tem uma pausa, e apenas sua força de vontade pode fazer você parar de olhar para o aplicativo.
"Ao contrário de muitas outras formas de entretenimento, como filmes, os smartphones não tem um ponto final. Os filmes mostram créditos após cerca de duas horas, mas você pode deslizar, tuitar ou jogar até que você morra", diz o jornalista Eleanor Cummins em um artigo na revista Popular Science.
O criador da rolagem infinita chama-se Aza Raskin e explicou à Popular Science que sua intenção era facilitar a experiência do usuário. No entanto, hoje ele lamenta sua invenção.
"Na realidade, o que fiz foi conseguir que os humanos gastassem literalmente centenas de milhões de horas", criticou.
Outra ferramenta relacionada à atualização de informações que é viciante é aquela que força o usuário a deslizar para baixo ou clicar para atualizar a página. O conceito foi criado pelo Twitter, usando um truque de design UX.
Quando você abre o Twitter, ele mostra as informações que você viu na última vez que você entrou. Você tem que puxar manualmente ou deslizar para baixo no seu telefone ou pressionar "ver novos tweets" no seu computador para acessar as informações mais recentes.
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Essa ação é semelhante à de uma máquina caça-níqueis em um cassino. Estudos mostram que ela libera dopamina, já que nosso cérebro antecipa que essa ação nos trará uma recompensa. O mesmo acontece com a rolagem infinita.
Loren Brichter, ex-engenheiro do Twitter, disse ao jornal britânico The Guardian em 2017: "O recurso "Pull-to-refresh" (puxe para atualizar, em inglês) é viciante. O Twitter é viciante. Essas não são boas coisas."
Curiosamente, algo que pode soar como um erro de projeto, uma vez que dificulta nosso acesso ao nosso próprio perfil, é outra ferramenta usada de forma proposital pelas redes sociais.
Imagine que você queira entrar no Facebook, Instagram, LinkedIn ou Twitter apenas para postar alguma coisa. Quando você abre o site ou o aplicativo, você inevitavelmente encontrará comentários e postagens de outras pessoas. E, muito provavelmente, você será tentado a ler alguns.
O fato de nenhuma dessas redes te direcionar diretamente ao seu perfil obriga você a interagir, ainda que com o canto do olho, com o conteúdo gerado por outras pessoas.
E assim que você entra, a página avisa que alguém que você conhece acaba de publicar algo ou que você tem uma quantidade X de novas mensagens sem ler. Sua curiodade será ainda maior.
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As notificações são outro recurso muito eficaz de design viciante. São baseadas em estudos que mostram que a maioria das pessoas não gosta de ter tarefas pendentes.
Portanto, se o seu celular estiver cheio de aplicativos com pequenos círculos vermelhos indicando o número de notificações que você não leu, é provável que em algum momento você queira saber do que se trata.
E, uma vez lá dentro, também é muito provável que sua atividade gere respostas imediatas de outras pessoas, o que, por sua vez, aciona novas notificações.
Agora você entende como ficou, sem perceber, olhando seu celular até o amanhecer?!
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