Todos têm a noção de que o FC Porto não é o seu presidente e que irá continuar a ser uma grande instituição com ou sem Pinto da Costa!
Este é um ano importante no futebol português. Depois de cairmos um lugar no ranking da UEFA, iremos ter apenas uma equipa com entrada direta na Liga dos Campeões. Existe a possibilidade de uma segunda equipa conseguir entrar na grande competição de clubes, através das eliminatórias. Para o FC Porto, este ano tem ainda mais importância, porque irão existir eleições no final desta época que podem ditar uma continuidade ou uma alteração do caminho até aqui seguido. Uma coisa é certa, se analisarmos o passado esta é a fase em que mais contestação tem surgido à administração portista.
Orumo financeiro que a FC Porto SAD tem estado a seguir é, sem dúvida, o grande calcanhar de Aquiles da administração azul e branca, até porque a função de uma administração de uma empresa é atingir objetivos, mediante uma correta afetação dos recursos disponíveis, de forma a potenciar o presente, mas, em simultâneo, salvaguardar o futuro. Ora, se avaliarmos a gestão da FC Porto SAD no reinado desta administração (que está no poder desde o início), percebemos que a capacidade financeira se tem vindo a deteriorar, ano após ano.
De uma forma simples, analisando o Relatório e Contas da FC Porto SAD individual, verificamos que os resultados acumulados (de todos os exercícios anteriores) representam saldo negativo de €282.828.594 M. Se juntarmos o resultado negativo deste exercício, temos este valor: €323.604.606 M negativos!! Outro fator importante é o passivo corrente ou dívida de curto prazo (aquela que tem de ser paga ou negociada num período até 12 meses), que apresenta um valor de €280M, comparada com o ativo corrente (créditos até 12 meses) de €114 M. Estes valores representam um peso enorme para quem está a gerir os destinos da SAD azul e branca e demonstram uma enorme alavancagem. De uma forma geral, a tendência de resultados tem sido muito negativa, a alavancagem cada vez maior e difícil (especialmente no atual contexto de taxas de juro elevadas), obrigando a administração portista a dar garantias e colaterais para a obtenção de empréstimos, que cativam as receitas do presente e do futuro.
Isto mesmo podemos verificar na descrição da página 81 do Relatório e Contas individual da SAD do FC Porto: «Nos financiamentos desenvolvidos na tabela supra estão contratadas garantias e colaterais diversos, tais como as verbas a receber do Grupo Altice pelos direitos de transmissão dos jogos, os valores a receber da UEFA pela participação em competições por esta organizada, os direitos económicos dos jogadores Matheus Uribe, Zaidu, Evanilson, Otávio, João Mário, Diogo Costa e Eduardo Gabriel (Pepê), a hipoteca sobre o Estádio do Dragão, valores a receber decorrentes do acordo comercial estabelecido com o grupo Super Bock referentes ao patrocínio nas camisolas e pelo acordo de exclusividade de consumos, valores a receber do Wolverhampton Wanderers Football Club pela transferência do jogador Fábio Silva, valores a receber do SASP Paris Saint-Germain Football pela transferência do jogador Danilo Pereira, valores a receber do Manchester United Football Club pela venda do jogador Alex Telles, entre outros.»
Neste momento, a gestão passa por empurrar com a barriga!
Conforme referi anteriormente, a função de uma administração é criar condições para que a sua empresa consiga atingir os objetivos de uma forma regular e consistente, através de um equilíbrio fundamental entre a vertente desportiva e a financeira. Se analisarmos apenas os últimos anos verificamos o seguinte: no conjunto dos últimos cinco anos, os resultados líquidos apresentaram um saldo negativo de €103.226 M. Podemos acrescentar que os três anos anteriores também foram negativos… Em termos factuais, nestes cinco anos, os administradores da FC Porto SAD receberam, no global, o seguinte valor em prémios: €3.944 M.
Aqui surgem algumas perguntas: em função dos números apresentados, e da tendência verificada, faz sentido premiar os membros que são responsáveis pelo caminho que tem vindo a ser seguido? Os administradores deveriam ser avaliados pela forma como gerem os recursos ou pelo sucesso da equipa de futebol? Deveria uma administração ser premiada por num ano (2019/2020) ter €113.243 M de resultado negativo e no ano a seguir (2020/2021) ter €21.685 M de resultado positivo?
Na explicação para a justificação do pagamento de prémios aos cargos diretivos foi referido que tinham de se confirmar três pressupostos (ser campeão, entrada na Liga dos Campeões e resultados financeiros positivos) em simultâneo. Ora, nas épocas 2017/2018 e 2019/2020, um desses critérios não foi atingido, uma vez que os resultados dos exercícios em questão foram negativos. Apesar deste facto, a administração recebeu os respetivos prémios, sendo que em 2019/2020 o resultado líquido foi de €113.243 M negativos!
Foi interessante verificar que, de repente, muitos adeptos verificaram que a administração azul e branca recebeu prémios no valor total de €1.640 M relativos ao sucesso da época anterior! Destaco este facto porque esta informação já é conhecida há alguns meses, uma vez que vinha contida no relatório semestral da SAD do FC Porto. Se a informação já estava disponível, por que motivo aqueles que agora se insurgem contra esta questão não o fizeram antes? Será que estão a escolher o melhor timing para o fazer? Será que tem a ver com as eleições do próximo ano? Será que muitos adeptos ou associados do FC Porto se sentem mais confortáveis em criticar a administração da SAD se outros também o fizerem?
O que destaco sempre é que é fundamental estar atento à gestão das diferentes administrações, sejam do FC Porto, Benfica ou Sporting. É fundamental ter um critério de exigência e transparência face aqueles que gerem os destinos destas grandes instituições. Realço também a importância da existência de crítica interna, sem a qual nenhuma organização consegue evoluir. A crítica gera desconforto, confronta, coloca em causa e obriga a questionar o caminho que está a ser seguido, o que acaba por permitir validar ou alterar a estratégia adotada.
O FC Porto esteve, está e estará ligado à figura do seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa. Apesar disto, todos têm a noção de que o FC Porto não é o seu presidente e que irá continuar a ser uma grande instituição com ou sem Pinto da Costa! O que devemos ter sempre em mente é que ninguém está acima de escrutínio e que o passado não nos deve retirar a capacidade de analisar, avaliar e questionar as opções que são tomadas a cada momento. Em Portugal temos por defeito endeusar pessoas e, por esse motivo, nunca as questionar…
Vilar de Perdizes é uma aldeia especial. Sou suspeito, porque se trata da terra da minha Mãe. É especial não por ser a terra das bruxas, mas por ser um local com gente única, terra a terra, que sabe e gosta de receber as visitas, que tem uma união e uma forma de estar única. O jogo contra o FC Porto demonstrou isto mesmo: paixão, alegria e felicidade por poder jogar contra um grande clube. A aldeia viveu mais um dia feliz (apesar de jogar fora do seu reduto) e os jogadores e treinador puderam demonstrar a sua qualidade.
Nuno Tavares: O lateral do Nottingham Forest, ex-aluno da Casa Pia, dá o nome e apoia bolsas de estudo atribuídas a alunos da instituição. Quando dizemos que os jogadores devem ser referências e exemplos, dentro e fora de campo, é disto que falamos. Esta forma de estar é um reconhecimento para quem o ajudou a crescer e, em simultâneo, uma forma de ajudar a concretizar o sonho de crianças que estão na posição em que o Nuno esteve.
Nicolò Fagioli: Fagioli assumiu o vício do jogo, que lhe valeu uma suspensão e dívidas enormes. O jogador da Juventus representa um universo invisível de atletas que desgraçam as suas vidas ou carreiras por entrarem no vício do jogo. Estes temas devem ser abordados e apresentados aos atletas, desde cedo, de forma a que no futuro estejam preparados para rejeitar este tipo de solicitações.