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Tim Berners-Lee, o inventor da Internet, continua com a demanda para consertar a sua criação. Por isso, no palco da Web Summit, apresentou a convenção internacional "Magna Carta para a Web".
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▲Tim Berners-Lee é um cientista informático que, em 1989, criou a Internet
JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
▲Tim Berners-Lee é um cientista informático que, em 1989, criou a Internet
JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
“Em 2019, pela primeira vez, mais de metade do mundo vai estar conectado e é preciso olhar com mais atenção para a Internet”, disse Sir Tim Berners-Lee, o inventor da Internet, quando subiu ao palco principal da Web Summit. “Pela Web [For the Web]” é o slogan para o projeto que quer criar uma convenção internacional com princípios e valores que tornem a “Internet mais segura” e que a “mantenham livre”.
“Vamos falar na Web Summit sobre como mais de metade da humanidade está online e os desafios que isso levanta”, começou por dizer o cientista informático, acrescentando que todos “temos a obrigação de olhar para os dois lados do mundo” e “ajudar outros a ligarem-se”. O criador da Web afirmou que “a ideia, a partir de agora, é a de todos serem responsáveis por fazer da Web um lugar melhor”.
O objetivo desta “Magna Carta [o documento com os princípios jurídicos basilares do Reino Unido] para a Web”, como descreveu ao o The Guardian, é o de chegar a um consenso internacional entre governos, empresas tecnológicas e todos os que utilizam a Internet para criar princípios base para esta invenção. Segundo Berners-Lee, ao criar esta espécie de constituição para a Internet, vai ser possível resolver problemas como as ‘fake news’ [notícias falsas], o abuso de privacidade e de dados de utilizadores na Web. É assim que se pode “manter a Internet livre e aberta”, disse o cientista informático.
JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
Em 2019, mais de metade da população mundial vai estar conectada à Internet, disse o inventor, anunciando que mais de 50 organizações já assinaram este documento, incluindo o governo francês. Berners-Lee é o diretor da World Wide Web Foundation, uma associação internacional que promove a utilização segura da Internet. “Há problemas com o que temos de lidar”, referiu em palco o cientista informático. Empresas como a Google também têm estado a defender a proposta de Berners-Lee.
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Para defender o contrato social para a Web que Tim Berners-Lee apresentou, subiram a palco representantes da indústria tecnológica. Michael Geer, responsável da empresa de cibersegurança de Silicon Valley Anchor Free, falou que se “lida com muitas zonas cinzentas, como os VPN. Para estas coisas, é preciso que estejamos todos à mesa”, explicou. “Os governos podem estar receosos, mas é preciso todos falarem desta necessidade de arranjar a Internet”.
[Veja no vídeo as palavras fortes de António Guterres e a solução do “pai” da Web”]
Ao jornal britânico, que avançou detalhadamente esta proposta, Berners-Lee explicou que “é preciso que os nossos juristas e políticos percebam programação e o que pode ser feito com computadores”. Para o investigador, esta proposta de convenção internacional tem de examinar questões como o impacto das leis de direitos de autor e questões culturais de cada país. Contudo, acima de tudo, têm de existir princípios transversais a todos os países, para melhor regular e proteger a Internet, defendeu.
Jacqueline Fuller, uma das vice-presidentes da Google que esteve em palco, falou também: “Este é um momento incrível para o mundo [mais de metade da humanidade estar ligada à Internet]. É uma meta mesmo importante e darmos acesso a toda a gente”, disse a executiva. Fuller acrescentou ainda que “há pessoas que têm muito menos possibilidade de acesso” à Internet e que isso é uma das prioridades. “Sabemos que há muitos benefícios em aceder à Web, mas isso também traz novos desafios”, continuou. “Na Google, estamos a trabalhar para isso e a juntar toda a gente — de governos a académicos e a empresas — para falar desta convenção para a Web, protegendo a Internet livre e aberta”.
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Ainda na conferência de inauguração, um representante do governo francês afirmou, em nome dos governos europeus, que “a tecnologia deve servir os humanos e não o contrário”. E continuou: “Depois do desenvolvimento e maturidade da Web, chega a altura da responsabilidade. Este contrato é apenas o início”.
Finalizando esta parte da conferência, a jornalista da CNN Laurie Segall, que estava a moderar a conversa, perguntou ao cientista informático: “Mas vai ficar tudo bem [com a Internet]?” O pai da Internet respondeu: “Vai ficar tudo bem, porque estas pessoas vão afastar-se e deixar de lado os mitos sobre a forma como as coisas funcionam”.
O cientista informático apresentou recentemente o Solid, uma ferramenta para mudar a infraestrutura da Internet e fazer com que os dados pessoais sejam alojados nos computadores dos utilizadores sem que haja necessidade de os ceder a outros sites. Berners-Lee é um ativista de princípios como a neutralidade da Internet, que faz com que as empresas de telecomunicações dêem acesso igual a todos os sites. No passado, foi um dos defensores de Edward Snowden, o antigo programador dos serviços secretos americanos que revelou que o país está a escutar e recolher informação de pessoas através dispositivos em todo o mundo.
O “pai” da Internet tem um novo projeto para proteger os dados pessoais
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