No primeiro artigo que escrevi, tratei sobre o tema Design para pessoas com deficiência, pois, acredito que esta é uma área pouco explorada por nós – designers e criativos.
Sendo assim, resolvi falar um pouco mais sobre o Design Inclusivo, uma das abordagens responsáveis por criar produtos e serviços para demandas específicas como as das pessoas com deficiência.
Antes mesmo de tratarmos das definições desses termos, precisamos entender que todos nós estamos sujeitos a ter alguma deficiência durante nossas vidas e que a sociedade atual não está preparada para receber pessoas com deficiência, uma vez que esta não possui produtos, serviços e espaços adequados para estimular o convívio e autonomia das pessoas com algum tipo de deficiência.
Diante disto, acredito que os designers que fazem uso dos conceitos do Design Inclusivo podem atender esta demanda específica e auxiliar no desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.
Segundo Clarkson e Coleman, o termo Design Inclusivo foi utilizado pela primeira vez em 1994, por Coleman, na Inglaterra. O intuito dele ao fazer uso deste termo era expor para a indústria e o mercado britânico o potencial de projetar e comercializar produtos para idosos e pessoas com deficiência.
O Design Inclusivo possui como principal objetivo de sua abordagem, prover produtos ou serviços que auxiliem de maneira satisfatória nas atividades que pessoas com deficiência executam, promovendo a autonomia e qualidade de vida para estes.
Cruz, define o Design Inclusivo da seguinte forma:
“(…) o design inclusivo passa pela criação de produtos para um público com características limitadoras, que necessita de equipamentos que atenuem limitações e permita maximizar a sua integração nas atividades diárias.”
Um dos mais importantes princípios da abordagem de projetação inclusiva é a compreensão das reais necessidades do público-alvo em questão, ou seja, é extremamente importante compreender as características específicas de cada indivíduo. Além de gerar uma compreensão melhor do “problema” a ser resolvido, este princípio, na maioria das vezes gera mais empatia naqueles que buscam a solução.
Ainda segundo Cruz, uma prática muito importante para que sejam seguidos os conceitos da abordagem inclusiva é a participação do usuário durante o processo de desenvolvimento de soluções para as demandas atendidas. Pois, este deve participar gerando feedback sobre o uso e a experiência do produto ou serviço gerado como solução.
Hoje, já existem produtos e serviços projetados sobre as abordagens do Design Incluisvo, um exemplo a ser citado aqui é a colher “liftware spoon”, projetada para aqueles que sofrem com o mal de Parkinson. Tal colher foi desenvolvida por uma startup norte americana e adquirida pelo Google.
De acordo com o Google, durante os seus testes o uso da “liftware spoon” reduziu em até 76% a queda dos alimentos. Ou seja, é um projeto muito bem resolvido para atender esta demanda específica.
Porém, é possível perceber que mesmo com a preocupação de Coleman, em 1994 de mostrar ao mercado o potencial e importância de projetar e comercializar produtos para pessoas com deficiências, até os dias atuais essa demanda não é atendida de maneira adequada. Afinal, podemos até ver alguns produtos e serviços para pessoas com deficiência, mas será que esses são acessíveis para essas pessoas?
A resposta para essa pergunta é um pouco complicada e eu ainda não há tenho com tanta certeza para expressa-la aqui, mas acredito que ainda precisaremos de mais tempo para proporcionarmos produtos e serviços acessíveis para as pessoas com deficiência.
Portanto, existe a necessidade de designers que projetem para essa demanda, e que façam uso dos conceitos do Design Inclusivo para contribuir com o avanço da inclusão.
Referências:
CLARKSON, P. John; COLEMAN, Roger. History of Inclusive Design in the UK. Rev. Applied Ergonomics 46 (2015) 235-247.
CRUZ, Vanessa Carla Duarte Santos. Projecto e desenvolvimento de uma ajuda técnica numa perspectiva de Design Inclusivo. 2010. 170p. Dissertação (Mestrado em Design Industrial Tecnológico), Universidade da Beira Interior, Covilhã.
Paraibano, Bacharel em Design pela UFPB e mestrando em Ciência, Tecnologia e Inovação pela UFRN. Hoje, atua como Sócio-Diretor de Estratégia na Sabiá – Design Colaborativo. Islard acredita que o Design deve ser reconhecido como um agente de transformação da sociedade. Pois, este possui um grande potencial para gerar soluções para os mais diversos problemas que possamos encontrar.
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