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As carreiras digitais têm atraído a atenção de quem faz transição de carreira justamente pelos salários acima da média, mesmo em cargos de senioridade intermediária. Recém lançado pela edtech Tera, em parceria com a Mindminers, o relatório Digital Skills indica que mais da metade dos profissionais digitais ganham até R$ 6,6 mil.
A pesquisa traz dados e insights sobre o mercado das profissões digitais e recebeu respostas de mais de duas mil pessoas das áreas de Product Management (31%), UX Design (14,2%), Marketing Digital (16,5%), Dados (10,5%) e Desenvolvimento de Software (4,4%), além de profissionais desempregados ou que estão em transição de carreira para o mercado digital. Recortes de salário em relação à senioridade, escolaridade, idade, gênero e raça também foram mapeados pelo estudo.
De acordo com o levantamento, as carreiras digitais com os salários mais altos são Product Management e Desenvolvimento de Software, em que mais de 50% dos profissionais apontam ganhar mais de R$10 mil.
Por outro lado, a menor média de salário fica com Marketing Digital, em que 32% responderam ganhar até R$3,3 mil, mostrando a necessidade de especialização para se diferenciar nesse contexto e chegar a posições com remuneração mais alta.
Esta área ainda aparenta ter muitos salários defasados — uma possível consequência do tamanho desse setor e suas diversas ramificações. Em UX Design, outra carreira em grande demanda no mercado, 62,5% de profissionais ganham entre R$ 3,3 mil e R$ 10 mil.
De acordo com o relatório, as carreiras digitais com os salários mais altos são Product Management e Desenvolvimento de Software (Imagem: Reprodução/Relatório Digital Skills)Mesmo que se fale muito na importância da cultura da empresa na retenção de talentos, a pesquisa mostrou que remuneração ainda aparece no topo do ranking quando olhamos para o que profissionais consideram em um emprego dos sonhos.
“Olhando para um mercado tradicional com salários tão defasados, carreiras digitais se destacam pelas remunerações competitivas, que estão diretamente ligadas à alta demanda por skills específicas. Com isso, profissionais que desenvolvem determinados grupos de habilidades e competências têm nas mãos a oportunidade de dar novos rumos para suas carreiras e protagonizar esse novo momento do mercado de tecnologia”, explica Leandro Herrera, CEO e fundador da Tera.
Mesmo com os movimentos para tornar o mercado digital mais diverso e inclusivo que cresceram nos últimos anos e continuam em alta, as pessoas negras e mulheres brancas que trabalham no setor continuam ganhando menos.
Em relação àqueles que informaram ganhar mais de R$ 10 mil por mês, apenas 13% são pessoas negras (pretas e pardas), enquanto na faixa salarial de até R$ 3,3 mil, elas representam 39%.
Enquanto homens apresentam a média salarial mais frequente acima de R$16 mil (26%), a maior concentração das mulheres está ganhando até R$ 3,3 mil (24,6%). O grupo que aparece em maior número na menor faixa salarial são mulheres negras.
Mesmo em um cenário no qual muitas carreiras digitais ainda não são oferecidas pelas graduações tradicionais, ter o ensino superior completo e continuar o desenvolvimento com uma pós-graduação e cursos de menor duração continua tendo uma relação direta com altos salários.
Segundo a pesquisa, daqueles com pós-graduação completa, apenas 5% apresentam faixa salarial até R$ 3,3 mil, enquanto 59% ganham mais de R$10 mil.
Assim como nível de escolaridade, os altos salários mostraram que também estão atrelados ao tempo na função. Mesmo que a maioria dos respondentes da pesquisa (86,7%) afirmem estar na função há, no máximo, cinco anos, são os profissionais com mais de seis anos de atuação que concentram os maiores salários — 37% e 42% daqueles que estão na função há um período de 6 a 10 anos e há mais de 11 anos, respectivamente, afirmam ganhar R$16,5 mil.
Mesmo em níveis ainda intermediários de senioridade, profissionais de algumas carreiras digitais conseguem alcançar faixas salariais acima das médias do mercado tradicional. A pesquisa mostrou que mais de 68% de profissionais em nível intermediário na área de Produto ganham acima de R$ 6,6 mil.
Em UX Design, essa também é a realidade para mais de 64% das pessoas desse nível que responderam à pesquisa, enquanto 61% desses profissionais de Data Analytics ou Data Science também se enquadram na faixa.
As faixas salariais por senioridade nas carreiras também mostram, pela pesquisa, que mais de 50% de profissionais em nível sênior das áreas de UX Design e Product Management ganham salários de mais de R$ 16,5 mil — a maior faixa abordada na pesquisa.
Tanto na área de Product Management quanto em UX Design e Dados, todos profissionais em nível executivo também afirmaram ganhar mais de R$ 16,5 mil.
Dicas para começar uma carreira digital
Leandro Herrera, CEO e fundador da Tera, com base em seus conhecimentos e experiência deu quatro dicas para quem quer começar em uma carreira digital. Para ele a pesquisa Digital Skills mostrou que transição de carreira é um processo cada vez mais comum em um mercado onde impera a fluidez.
“Seis em cada dez profissionais de carreiras digitais vieram de profissões tradicionais. Fazer esse percurso é uma possibilidade promissora para os próximos anos e, para muitas pessoas, vai ser quase uma obrigatoriedade, já que algumas posições de trabalho vão se tornar obsoletas. Criar uma mentalidade orientada ao digital, adotar uma postura de desenvolvimento constante e entender que tipos de habilidades são perenes em um cenário de tanta mudança são alguns passos para tornar esse caminho de transição mais leve e com muitas chances de sucesso”, conclui o CEO.
1. Entender como levar sua bagagem para uma carreira digital
Para Herrera um ótimo primeiro passo é fazer uma autoavaliação dos seus conhecimentos e do seu perfil profissional para entender em quais áreas sua bagagem pode ser usada.
“Vemos alguns profissionais com receio de investir em uma carreira digital por não querer colocar na gaveta diversas experiências e saberes adquiridos durante anos no mercado tradicional, mas transição de carreira não é sobre isso. Pelo contrário, é sobre levar todas as habilidades técnicas, conhecimentos multidisciplinares e soft skills para um mercado mais aquecido e com mais oportunidades de atuação e impacto. Perceber isso vai ajudar a desenvolver mais confiança no processo de transição e maior compreensão do percurso com maior chance de sucesso e satisfação”, conclui ele.
2. Perceber o contexto em que empresas digitais estão inseridas
O fundador da Tera defende que essa percepção precisa ser pautada na forma que ela muda o jogo no mundo dos negócios e, consequentemente, na atuação profissional no mercado digital.
Ele defende, também, que a economia digital tem um ritmo diferente, muito mais dinâmico, já que acompanha de perto as intensas transformações tecnológicas e sociais.
Além disso, o líder da Tera pontua que as metodologias, como agilidade e design thinking, e práticas, como orientação a dados e autogestão, são muito comuns nesses espaços justamente porque é impossível operar um negócio em um cenário tão complexo e com tantas variáveis e desafios sem abandonar algumas práticas do mercado tradicional.
“Criar visão sobre como funcionam negócios digitais é essencial e profissionais podem fazer isso furando a bolha e trocando experiências em comunidades com tantos profissionais que já atuam no novo mercado”, afirma o fundador.
3. Apostar no desenvolvimento de skills transversais
Para Leandro, desenvolver tais habilidades é tão ou mais importante quanto desenvolver habilidades técnicas relacionadas a uma área específica como Product Management ou Ciência de Dados.
“Pensando em um futuro em que inteligência artificial e automação farão com que muitos cargos percam o sentido, o insubstituível e diferencial na nossa atuação profissional estará muito mais ligado à nossa humanidade. Isso envolve a forma como nos comunicamos e influenciamos pessoas, como usamos criatividade para resolver problemas e inovar, como usamos a tecnologia para criar soluções e até mesmo como conseguimos aprender por meio de diferentes estratégias”, sintetiza ele.
4. Desenvolver uma mentalidade de adaptabilidade e desenvolvimento
Para a dica número quatro, o CEO retoma a questão da mentalidade, mas agora focada no Lifelong Learning que, para ele, é indispensável para quem quer começar nas carreiras digitais. Nesse sentido, ele é suscinto ao dizer: “é aprender a aprender que vai nos levar para esse futuro do trabalho que tanto falamos”.
O Lifelong Learning é, em linha gerais, uma perspectiva de evolução do conhecimento ao longo da vida em que não se tem nenhuma barreira física para que o profissional obtenha o conhecimento necessário para seu crescimento.
“Uma das principais características do mercado digital, e da sociedade moderna como um todo, é a volatilidade, causando constantes mudanças. Isso exige de nós, como profissionais, uma disposição consciente a continuar aprendendo e evoluindo para acompanhar tendências, novas tecnologias e novas formas de criar boas soluções no nosso dia a dia de trabalho”, afirma Herrera.
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