O e-commerce se tornou uma saída para muitos empreendedores continuarem vendendo quando as lojas físicas tiveram que ser temporariamente fechadas. Mas, antes mesmo da pandemia, a internet já era um canal de vendas muito importante. Inclusive, alguns negócios já começaram com e-commerce e conseguiram fazer muito sucesso.
É o caso das empreendedoras Nátali Soares, da LF Comprinhas; Giulia Gargione, da Giu Store; e Daiana Moreira, da Toda Frida. Para PEGN, elas deram dicas para ajudar quem está pensando em começar uma loja de roupas na internet.
Vender roupas na internet é um bom negócio (Foto: Reprodução/Pexels)
O primeiro passo é decidir como sua marca será chamada. “O nome da sua empresa é uma forma de diferenciá-la, passando ao consumidor uma imagem mais marcante, inesquecível, profissional e confiável”, diz Soares.
Além disso, o nome deve ser algo fácil de ser lembrado. “Nomes difíceis de serem pronunciados e de escrever dificultam a compreensão do cliente e também a divulgação da sua empresa no boca a boca”, afirma Gargione. “De preferência, deve estar em português”, acrescenta.
Depois de escolhido, o empreendedor deve checar se o nome já é utilizado por outras marcas. “Vá no site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) conferir se o nome já não existe. Foi a primeira coisa que fizemos na Toda Frida. Não era a nossa primeira opção, mas todos os outros nomes já estavam registrados”, diz Moreira. O conselho é ver isso o quanto antes para não correr o risco de crescer com o negócio e, depois, ser barrado judicialmente porque tem outra marca já registrada.
“Essa parte, normalmente, causa bastante problemas para quem está começando, mas não precisa ser um bicho de sete cabeça”, diz Gargione. É possível criar logos dentro de aplicativos, em que o próprio empreendedor faz o design de maneira gratuita. Outra opção também é contratar design freelancer para fazer um desenho personalizado.
“É importante apostar em uma logomarca forte, que fuja do clichê. Pode ter certeza que uma logo bacana vai passar muita credibilidade para seu cliente”, afirma Soares.
A plataforma que você irá vender os seus produtos deve ser escolhida com muito cuidado. Na visão de Moreira, não é necessário usar um site caro com muitas funções no início. “É possível começar com mensalidades mais baixas para aprender a trabalhar com o e-commerce. Existem plataformas com layouts prévios em que o empreendedor pode personalizar a cor e colocar o seu logo. É uma ótima opção para quem quer começar a trabalhar com e-commerce”, afirma. Soares recomenda as plataformas nuvemshop, tray e Shopify.
As redes sociais são a vitrine para o seu negócio no mundo virtual. “Você não precisa, necessariamente, estar presente em todas elas, mas é importante analisar quais são importantes para conversar com o seu público. No caso de marcas de roupas femininas é indiscutível a presença no Instagram, que é uma rede muito visual”, diz Soares.
“Hoje, as redes sociais que mais crescem são Instagram, Facebook e TikTok. Qual delas o seu público mais utiliza? É essa que você irá desenvolver primeiro”, concorda Gargione. “Coloque seu logo, personalize seu nome e faça uma descrição bacana da sua empresa informando o que é vendido, de onde você é e uma forma de contato.”
Nem sempre o empreendedor tem condições de começar uma marca com produção própria. Na visão de Gargione, isso pode ser uma vantagem para o seu negócio. “Ao começar uma empresa revendendo, você tem a liberdade de testar diversos produtos mantendo um baixo custo”, afirma. Com isso, é possível perceber o que o público mais gosta de consumir. Além disso, é muito importante ter experiência com tecidos e confecção, principalmente para quem não estudou moda ou teve contato prévio com o setor
A dica é encarar a fase de revenda como aprendizado para investir em uma produção própria, se for da vontade do empreendedor.
Produza fotos com iluminação, principalmente luz natural. Ao escolher as fotos para serem postadas, você deve se perguntar se compraria o produto olhando aquela imagem. “Parece algo óbvio, mas não é. Você perceberá que pode fotografar a partir de novos ângulos, usando outras poses para mostrar mais detalhes, tecido e caimento”, diz Gargione. Com uma foto mais detalhada, é possível sanar possíveis dúvidas que o consumidor teria sobre o produto.
Caso os produtos sejam de revenda, Soares aconselha usar menos fotos de fornecedores e produzir imagens autorais com modelos próprios. “Isso vai ajudar o público a diferenciar sua marca de outras que estão vendendo os mesmos produtos.”
Diferentemente da loja física, em que o cliente sai com o produto direto para casa, o e-commerce requer um pouco de paciência. “A experiência de compra tem que fazer a espera valer a pena. É muito frustrante abrir uma caixa e ver que o produto foi embalado de qualquer jeito”, diz Moreira. É necessário pensar em trazer um diferencial para o seu negócio, como um perfume marcante, um presente ou um voucher de desconto para a próxima compra.
Mas não precisa ser algo físico. “Carinho e cuidado com o cliente não se demonstra apenas enviando em uma caixa cara, mas com atenção que pode ser demonstrada até escrevendo uma cartinha de agradecimento”, diz Gargione.
Sem a chance de experimentar a roupa pessoalmente, os consumidores contam com uma tabela de medidas corretas dos produtos. “Isso varia em cada empresa. Nós trabalhamos com a tabela de medida corporal, mas outras empresas trabalham com a da peça. Independentemente de qual for, é muito importante que as medidas estejam corretas”, diz Moreira. “Um dos pontos doloridos de e-commerce de moda é que a taxa de troca é alta mesmo com uma tabela correta. Então, imagina se estiver errada.”
É possível fazer vídeos ensinando clientes a tirar a medida e postar no YouTube ou no site.
Um ponto que leva muitos lojistas a não ter lucro é errar na hora de colocar os preços. “Preços muito acima da média de mercado afastam clientes, mas preços baixos podem passar a ideia de “desvalorização do produto” e os clientes tendem a desconfiar da qualidade”, diz Gargione.
Ao precificar, o empreendedor não deve considerar apenas o preço pago pela peça em si, mas todos os custos que envolvem a compra, como transporte e empacotamento. “Muitas lojas não consideram esse custo fixo por peça, e ele acaba com toda a margem de lucro, não deixando caixa para ser reinvestido na empresa”, afirma.
É mais barato fidelizar um cliente do que conquistar um novo, por isso aposte no pós-venda. Caso o cliente tenha algum problema, a empresa deve responder o mais rápido possível. “O consumidor quer ser respondido no mesmo dia. Principalmente, se é a primeira compra e ele já está com desconfiança porque, infelizmente, ainda temos muitos golpes na internet”, diz Moreira.
Neste mesmo aspecto, é importante entender que todas as empresas cometem erros: “Mandamos peças erradas, erramos o endereço do cliente, etc. É normal e vai acontecer. Não se desespere. Atenda o cliente de forma educada, humilde, reconheça o erro e garanta que você irá corrigir o mais rápido possível”, diz Soares.