A gestão logística da maior loja online de cosmética em Portugal – Supply Chain Magazine

Jan 22, 2024
Criada em 2015, a Care to Beauty está no caminho do sucesso. Atualmente é a maior loja portuguesa online de cosmética. Trabalha com cerca de 250 fornecedores, vende mais de 21.000 produtos de 450 marcas, e exporta para mais de 200 países sendo que o local de partida é o armazém de 4.000 metros quadrados, situado na Maia. A Supply Chain Magazine foi conhecer as instalações e a operação, detalhada pelos CEO’s Bruno Gouveia e Jorge Ferreira, e pelo responsável de logística Rui Ferreira. 
“Temos o maior catálogo de cosmética em Portugal, e a nossa missão é vender estes produtos a qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo”, indica Bruno Gouveia. O site da Care to Beauty, ainda que criado a partir de Portugal, a língua escolhida foi o inglês, uma vez que os CEO’s tinham a ambição de que se tornasse num site internacional. Reflexo disso foi a primeira venda, que seguiu para Itália. Atualmente, o site está traduzido em 11 línguas sendo, obviamente, uma delas o português. No entanto, as vendas para o nosso país representam apenas 1%. Em 2019 o valor de faturação da Care to Beauty estava nos 7 milhões e, em 2020, chegou aos 13 milhões. Estes valores podem justificar-se pelas especificidades do período pandémico, uma vez que, com lojas físicas encerradas, as pessoas começaram a comprar mais online. Em 2021, a marca manteve os valores e, mais tarde, registou um crescimento de 30% a nível internacional. 
Os fornecedores são uma parte fundamental do negócio da Care to Beauty. As 450 marcas de cosmética que têm disponíveis provêm de 250 fornecedores, dos quais cerca de dois terços têm representação em Portugal. “Os nossos fornecedores são as grandes marcas de cosmética internacional como, por exemplo, o Grupo L’Oréal, que tem uma delegação cá em Portugal, mas é uma empresa originalmente francesa”, explica Jorge Ferreira. Um dos fatores que distingue a empresa de outras marcas é a gestão do stock. “Há muitas lojas online que fazem o famoso dropshipping ou encomendam aos fornecedores depois de verem as encomendas dos clientes. Nós achamos que isto tem um impacto grande na qualidade de serviço, e na experiência do cliente”, assume o CEO, explicando que “o que nós fazemos é vender no site apenas produtos que estejam em stock aqui no armazém”.
A gestão dos stocks é feita de forma informática, e é medido produto a produto consoante o número de dias, mas é sempre encomendado para garantir que têm o suficiente para determinado número de dias. “Nós utilizamos um modelo de algoritmo de previsão de vendas para comprar aos nossos fornecedores, ou seja, para termos a garantia de 30 a 45 dias de stock”, explica Jorge Ferreira. Cerca de dois terços dos fornecedores têm delegações e stock em Portugal, mas há marcas que têm representação no nosso país, e o armazém pode situar-se noutro sítio como, por exemplo, em Espanha. Neste caso, a Care to Beauty encomenda os produtos, que partem de Espanha diretamente para o armazém na Maia e, daí, seguem para o cliente final, que pode estar localizado em qualquer parte do mundo. 
A nível nacional, as entregas são feitas no dia a seguir à encomenda ser efetuada, bem como para grande parte dos países da Europa, mas a rapidez da entrega também tem a ver com o método selecionado. Há a opção mais rápida, que é mais cara, e a mais lenta, que é mais barata. Se o cliente optar por uma entrega expresso, terá no dia a seguir em qualquer parte da Europa, e em certos pontos dos EUA. No entanto para a Austrália e países asiáticos, a entrega demora entre dois a três dias. 
As Tecnologias de Informação (TI) são “absolutamente centrais” no negócio da marca. Primeiro porque toda a interação com o cliente é feita através do digital, mas também a nível de operação logística. O armazém, que alberga cerca de 250 mil produtos, encontra-se totalmente mapeado informaticamente no que diz respeito à localização dos produtos, e o sistema informático indica a cada operador qual a rota mais eficiente para recolher determinados produtos. O trabalho do operador é muito mais fluído e organizado, evitando perdas de tempo com rotas alternativas.
Na parte do embalamento, a impressão da etiqueta também é feita no momento, permitindo ao operador coloca-la diretamente na embalagem certa. “Em termos só da operação logística, estamos muito próximos de ter todos os processos completamente informatizados e documentados”, garante Rui Ferreira, acrescentando que “já são residuais as tarefas que são feitas de uma forma manual, ou que não fiquem com o registo no nosso sistema informático”.
A escassez de matérias-primas foi mais uma disrupção gerada a partir da pandemia, que afetou vários setores e indústrias. A Care to Beauty também sentiu este impacto, não só a nível de alguns fornecedores de produto que registaram quebras e ruturas acima do normal, como também no que diz respeito ao cartão, material necessário para embalar e expedir os produtos para os clientes, que aumentou o preço. Com tantas incertezas, pensaram que o melhor seria acautelarem-se. “Houve até uma ocasião que suportamos uma quantidade superior de aquisição de stock porque as notícias indicavam que podia haver falha na entrega de cartão. Mas acabou por não se materializar”, conta Rui Ferreira assumindo que, ainda hoje falham alguns produtos por parte dos fornecedores devido a este problema.
A nível das embalagens destes produtos de cosmética, muitas marcas sofreram, por exemplo, com a escassez de dispensadores, pois os fabricantes não tinham as matérias-primas necessárias à sua produção. Nestes casos, a reinvenção é fundamental, pois caso as marcas deixem de ter esse produto disponível, o cliente pode optar pelo mesmo produto de uma marca concorrente. Rui Ferreira indica que uma estratégia implementada por algumas empresas, não só para se reinventarem, mas também para irem ao encontro das necessidades dos clientes, é a versão refill (recarga). A nível de sustentabilidade também se apresenta como uma opção mais viável. 
A posição da Care to Beauty face à sustentabilidade passa por reciclar tudo o que é possível reciclar, e optar por materiais mais amigos do ambiente. “De momento conseguimos reciclar praticamente a totalidade dos nossos consumos, ou seja, o material que vem dos fornecedores”, explica Rui Ferreira. Por sua vez, na expedição, é quase tudo à base de cartão, à exceção do material de acondicionamento que ainda é plástico. “Procuramos é que seja o plástico com características mais sustentáveis possíveis, nomeadamente, de origem reciclada, e não plástico novo”, confirma o responsável de logística. Além disso, também substituíram as fitas adesivas por papel, o que traz vantagens para o processo de reciclagem do cliente que pode colocar tudo diretamente no ecoponto sem necessitar de separar materiais. 
No momento em que o cliente necessita de um produto, o que o faz optar pela Care to Beauty em vez de se deslocar a uma loja e adquiri-lo? Ao fazer esta questão, Bruno Gouveia, explica que têm vantagens em comparação com uma loja física tradicional. A primeira é a profundidade de catálogo. “Quando compramos uma marca, compramos as referências todas, e temos espaço para todas no nosso armazém, ou seja, temos sempre stock pronto para enviar”, argumenta. Depois há toda a questão da conveniência, em que o cliente não precisa de sair de casa para comprar o que necessita. Quanto ao preço, é o último fator onde intervêm, pois é algo “muito sensível para estes negócios” tendo em conta a concorrência. Ainda assim, Bruno Gouveia estima que, no futuro, terão “preços mais dinâmicos”, com uma maior aposta em software e otimização. Desta forma, poderá vir a ser possível mexer nos preços.
Por último, destaca a credibilidade. “Temos já um milhão de clientes compradores na nossa base de dados, e é também através dela que conseguimos credibilidade”. No entanto, este é um trabalho contínuo e os fundadores da Care to Beauty não querem ficar por aqui. “Em termos de loja online em Portugal [na área da cosmética] já ganhámos o campeonato nacional. Os nossos olhares, agora, estão no campeonato europeu”, refere Jorge Ferreira. Reconhecem os concorrentes, e assumem que querem ir pelo mesmo caminho em termos de volume e dimensão. Para isso, consideram importante manter os níveis de crescimento, continuar a trabalhar no site e nos meios para chegar aos clientes.
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